30 de junho de 2010

CINEMA - ECLIPSE 2010

Eclipse


SINOPSE
No terceiro capítulo da saga de sucesso de Stephenie Meyer, Bella Swan (Kristen Stewart) mais uma vez encontra-se cercada por perigo enquanto Seattle é assombrada por uma série de mortes misteriosas e uma vampira maliciosa continua sua empreitada por vingança. Em meio aos acontecimentos, Bella é forçada a escolher entre seu amor por Edward Cullen (Robert Pattinson) e sua amizade com Jacob Black (Taylor Lautner) ? consciente de que sua decisão tem o potencial para dar início a uma guerra entre vampiros e lobisomens. Com sua formatura se aproximando, Bella se encontra diante da decisão mais importante de sua vida. LEIA MAIS UOL


29 de junho de 2010

A captura da captura



A captura de Cristo, do pintor italiano Caravaggio

Nesta sexta-feira, 25, três ucranianos e um russo foram detidos pela polícia alemã quando tentavam vender o quadro A captura de Cristo, do pintor italiano Caravaggio. A obra havia sido roubada em 2008 do Museu de Arte Ocidental e Oriental de Odessa, na Ucrânia.A captura de Cristo, que data de cerca de 1602, havia sido comprado por um embaixador russo na França. Depois foi presenteado ao príncipe Vladimir Alexandrovich Romanov no final do século XIX. Depois da Revolução de Outubro de 1917, foi transferido para a escola de arte de Odessa e depois ao museu.Segundo a agência Interfax, aparentemente a obra seria vendida por cem milhões de dólares no mercado negro.

Música Clássica Argentina



Miguel Buchhalter


Estudos

Seus principais professores foram seu pai Abraão Ljerko Buchhalter e Spiller.
Outros professores foram Simon e Fernando Bajour Hasaj ..
Frequentou como participante ativo das oficinas e master classes dadas em Buenos Aires por Chumachenko Ana (Buenos Aires Festivais de Música), Nicholas Chumachenko (Camerata Bariloche), Alberto Lisy e Solistas da Orquestra de Pittsburg (Conservatório Beethoven) e em Valência, Espanha por Wasilieff Basco
 Concertos

Sua estréia solo foi um jovem com a música da Orquestra Nacional realizar a Ciaccona Argentina Vitali (arr. De Respihi).
Posteriormente, apareceu como solista de concertos de Bach em concerto E, importante para dois violinos e obras de Haydn, Vaughan Williams e outros, com a Orquestra de Câmara do Banco Mayo Foundation, liderada pelo Maestro Mario Benzecry dentro PRINCIPAL e Concerto de Bilheteira Extraordinário.

27 de junho de 2010

Arte Comteporânea - Como entender o seu sentido ?

Valéria Peixoto de Alencar*

Se levarmos em conta a origem da palavra arte ("ars" significa técnica ou habilidade), é curioso notar que há uma contradição: muitos artistas não expressam suas idéias através de uma habilidade técnica. Apesar de, muitas vezes, possuírem tais habilidades, estão preocupados em discutir outras questões, provocar outras reflexões.

Folha Imagem
"Roda de bicicleta", Marcel Duchamp (1913): não é possível usar o banco ou a roda que compõem essa obra de ate.

Em 1913, momento das vanguardas européias, Marcel Duchamp propôs obras chamadas "ready-made", feitas a partir de objetos do dia-a-dia. O que ele fazia era apresentar esses objetos de forma descontextualizada e sem a possibilidade de serem utilizados. Por exemplo: um mictório no meio de uma sala, sem encanamento.

Com essa "provocação", Duchamp chamou a atenção para a arte produzida naquele momento. Ela não seria mais uma representação do real, como um retrato. Ela seria a própria realidade.

Quem decide o que é obre de arte
O objeto de arte não representa algo, mas ele é algo. Mesmo se o artista não tiver fabricado os elementos que compõem sua obra. Duchamp também questionava o conceito de arte como associado a um ideal de belo e à crítica de arte.
O objetivo da obra de arte, assim, era também promover o debate sobre a definição e a finalidade da arte.

Se não existe uma definição do conceito arte, quem afinal decide o que é obra de arte ou não?

Muitos são os fatores para classificar uma produção como obra de arte: o contexto histórico, o mercado de arte, a aceitação entre os artistas e, principalmente, a crítica.

Ainda é preciso ler Freud?


Ainda é preciso ler Freud ?
Freud continua indispensável para compreender a gênese da civilização humanaFreud - aquele que resolveu o famoso enigma e foi um homem de enorme poder  
                                                                                                           Fernando Aguiar      Fora do círculo familiar, os 50 anos de Freud foram festejados apenas pelo pequeno grupo de psicanalistas vienenses que se reuniam em sua casa todas as quartas-feiras desde o outono de 1902. A ocasião era propícia a comemorações: não sendo mais o único analista, sua psicanálise já ultrapassara os limites de Viena – a conquista dos “arianos” de Zurique neutralizara a vil acusação de “ciência judia”. Vivia-se a fase áurea da clínica psicanalítica e, em termos de publicações de fôlego, jamais haveria para Freud ano igual ao anterior (1905). Além do livro sobre os chistes e do “Caso Dora”, houve os Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, com o qual ele adicionara ao discurso do desejo (1900) o discurso da pulsão, definindo categoricamente os dois eixos centrais de sua investigação metapsicológica. leia mais...


ARQUITETURA

A finalidade das construções
Valéria Peixoto de Alencar*Por que o homem constrói cabanas, casas e prédios? Quais os propósitos da arquitetura? A maioria das pessoas dirá provavelmente que a arquitetura nasceu para a construção de abrigos, esquecendo o significado das construções. Afinal, as primeiras construções eram habitações, e as pessoas precisavam de abrigos para sobreviver. Mas abrigar não é a única função de uma casa.

Instituto Socioambiental
O ambiente construído tem vários objetivos: abrigar as atividades e os bens das pessoas que habitam determinado espaço, proteger os moradores contra outros seres humanos, animais ou mesmo de "males" sobrenaturais (é o caso, por exemplo, dos templos), promover a integração de um grupo, reforçar a identidade social e indicar status.

Vivendo em comunidade

Na foto acima, tem-se a vista aérea de uma aldeia enawene nawe, na região da Amazônia, onde, em 1993, habitavam cerca de 300 indivíduos. Ou seja, pode-se imaginar que em cada casa moram de 20 a 30 pessoas, mais de uma família.

Observe que existem casas maiores que outras. São casas comunais e seus habitantes são responsáveis por sua construção. A disposição das casas da aldeia, formando quase um círculo, não é por acaso.

Nessa aldeia, vive-se em comunidade, e a área central é um espaço coletivo de convivência. A construção do centro, diferente das outras, não é moradia, mas sim um espaço onde são guardados objetos cerimoniais. Apenas observando a disposição e o formato das construções, podemos observar que a arquitetura cumpre mais objetivos do que construir moradias.

Origens da arquitetura

As primeiras construções de que sabemos remontam aos hominídeos, na pré-história. Esses nossos antepassados construíram abrigos de forma semicircular, utilizando pedras. Como este, conhecido como a Cabana de Terra Amata, cujos vestígios arqueológicos foram encontrados em Nice, na França.


Instituto Socioambiental


O homem planeja e constrói há muito tempo e, certamente, as origens da arquitetura são mais antigas que a aparição daquele que foi considerado o primeiro arquiteto - o projetista de uma pirâmide em degraus do Egito.

Os ambientes, de modo geral, em arquitetura, são projetados, ou seja, englobam decisões e escolhas humanas. Todos os ambientes resultam de escolhas feitas entre as alternativas possíveis e tendem a ser o reflexo da cultura de um povo.

Mais uma vez, pode-se perceber que a função da arquitetura vai muito além da idéia de abrigo. Ela pode prover ambientes para determinadas atividades, ser um símbolo de força, oferecer privacidade, fornecer informação e expressar crenças. A arquitetura pode também ajudar a estabelecer a identidade individual ou de um grupo, separando domínios e determinando distinção entre o aqui e o ali.

*Valéria Peixoto de Alencar é historiadora formada pela USP e cursa o mestrado em artes no Instituto de Artes da Unesp. É uma das autoras do livro "Arte-Educação: Experiências, Questões e Possibilidades" (Editora Expressão e Arte).

Realismo fantástico faz a magia de 'As Meninas'


Peça traz elementos do universo poético feminino. Foto: Sandra Delgado/Divulgação

Texto de Maitê Proença, baseado em tragédia pessoal, tem direção de Amir Haddad e ótimo elenco.


SÃO PAULO - A julgar pela leitura do texto e pela experiência e talento dos artistas envolvidos vem aí um espetáculo com potencial para comover e fazer rir a um público bem amplo. Dirigida por Amir Haddad, a montagem da peça As Meninas estreia nesta quinta, 11, no Teatro Cultura Artística depois de cumprir temporada de sucesso no Rio, o que provavelmente vai se repetir na metrópole paulistana.
Em parceria com Luiz Carlos Góes, Maitê Proença é a autora do texto corajoso, na medida em que tem como matéria-prima uma tragédia pessoal, mas igualmente inteligente, pois se afasta completamente de qualquer tom melodramático. A ambientação da peça é um velório e o ponto de vista da narrativa é de duas meninas de 12 anos, Rubi e Luzia, respectivamente filha e sobrinha da morta, assassinada pelo marido, pai de Rubi. O texto surpreende pelo humor alcançado e, mais ainda, pela liberdade poética: não só a defunta - cansada da posição - se levanta e conversa, como podem sair ainda do caixão avós, cartomantes, antigas empregadas, como se fosse uma espécie de túnel entre vida e eternidade.
Rubi é interpretada por Sara Antunes, atriz cujo talento os paulistanos conhecem por espetáculos como o premiado Hysteria, do Grupo XIX, do qual é fundadora. A experiente Analu Prestes, de atuações brilhantes como na trilogia da memória de Naum Alves de Souza, é a avó conservadora, desenhada pela autora de forma bem-humorada, num retrato que resvala a madrasta dos contos infantis. Clarisse Derzié Luz (quem viu não esquece sua impagável viúva rodriguiana em montagem do Grupo Tapa) se reveza em vários papéis. "A mãe é interpretada por Vanessa Gerbelli, que é muito boa atriz e Patricia Pinho está muito bem, ela dá o tom de humor com sua interpretação de Luzia, é muito engraçada, mas na medida", completa Amir Haddad.
"Eu as dirigi com muito cuidado, porque a peça se dá num universo feminino, um mundo delas, sobre o qual sabem muito mais do que eu sei. Eu sou dos homens que matam as mulheres, elas das que se deixam matar", brinca Amir. Ele elogia a estrutura não realista do texto e busca valorizá-la na montagem. "Construí a encenação sem nenhuma chatice psicológica. Não quero que seja pessoal, subjetivo, mas poético", diz. "E sem truques. Como espectador gosto de teatro que respeita a minha inteligência. Detesto o teatro que me pressupõe burro, só os artistas sabem o que estão fazendo. Para colocar um morto em cena não é preciso alçapão, nada disso. Eles estão lá e pronto. Circulam livremente pela vida. O público entende. Para a magia se estabelecer não é preciso o mistério", afirma.
E também não é necessária uma investigação muito profunda para descobrir a fonte de tal pensamento sobre a cena. Depois de ter recebido muitos prêmios no teatro convencional nas décadas de 60 e 70, Amir Haddad fundou e dirige há 25 anos o Tá na Rua, um grupo que se dedica integralmente ao democrático teatro a céu aberto. Nessa forma teatral a barreira entre espectador e artista se rompe, os procedimentos de montagem são visíveis, tende-se a uma horizontalidade de relação. "Dramaturgia sem literatura, ator sem papel, teatro sem arquitetura - a rua me deu essa liberdade. Ali o espetáculo não desce do céu, num download, mas vai da terra ao céu, e para todos, sem distinção de classe social. E quando volto ao edifício teatral não me submeto mais à sua verticalidade."
Assim, os atores entram pela plateia e o espectador não é chamado a interagir diretamente, mas também não é ignorado, ele ‘está’ no velório, onde há até samba, uma vez que a música, outro elemento caro ao teatro de rua, está presente. "As atrizes cantam muito bem." O cenário, painéis giratórios, tem como objetivo agilizar a cena. "E também tirar espaço e tempo. Não é o mundo que faz o espetáculo. Ele cria um mundo."
Serviço
As Meninas. 80 min. 14 anos. Cultura Artística Itaim (303 lug.). Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1.830, Itaim Bibi, 3078-7427. 6.ª, 21h30; sáb., 21 h; dom., 18 h. R$ 60 e R$ 70 (sáb.). Até 2/5

'Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos', diz Umberto Eco


Ensaísta e escritor italiano fala em entrevista exclusiva de seu novo trabalho, 'Não Contem com o Fim do Livro'


O bom humor parece ser a principal característica do semiólogo, ensaísta e escritor italiano Umberto Eco. Se não, é a mais evidente. Ao pasmado visitante, boquiaberto diante de sua coleção de 30 mil volumes guardados em seu escritório/residência em Milão, ele tem duas respostas prontas quando é indagado se leu toda aquela vastidão de papel. "Não. Esses livros são apenas os que devo ler na semana que vem. Os que já li estão na universidade" - é a sua preferida. "Não li nenhum", começa a segunda. "Se não, por que os guardaria?"Andrea Barbiroli/AE
Andrea Barbiroli/AE



Umberto Eco assina novo trabalho em parceria com o roteirista francês Jean-Claude Carrièrevideo
 Na verdade, a coleção é maior, beira os 50 mil volumes, pois os demais estão em outra casa, no interior da Itália. E é justamente tal paixão pela obra em papel que convenceu Eco a aceitar o convite de um colega francês, Jean-Phillippe de Tonac, para, ao lado de outro incorrigível bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, discutir a perenidade do livro tradicional. Foram esses encontros ("muito informais, à beira da piscina e regados com bons uísques", informa Umberto Eco) que resultaram em Não Contem Com o Fim do Livro, que a editora Record lança na segunda quinzena de abril.
A conclusão é óbvia: tal qual a roda, o livro é uma invenção consolidada, a ponto de as revoluções tecnológicas, anunciadas ou temidas, não terem como detê-lo. Qualquer dúvida é sanada ao se visitar o recanto milanês de Eco, como fez o Estado na última quarta-feira. Localizado diante do Castelo Sforzesco, o apartamento - naquele dia soprado por temperaturas baixíssimas, a neve pesada insistindo em embranquecer a formidável paisagem que se avista de sua sacada - encontra-se em um andar onde antes fora um pequeno hotel. "Se eram pouco funcionais para os hóspedes, os longos corredores são ótimos para mim pois estendo aí minhas estantes", comenta o escritor, com indisfarçável prazer, ao apontar uma linha reta de prateleiras repletas que não parecem ter fim. Os antigos quartos? Transformaram-se em escritórios, dormitórios, sala de jantar, etc. O mais desejado, no entanto, é fechado a chave, climatizado e com uma janela que veda a luz solar: lá estão as raridades, obras produzidas há séculos, verdadeiros tesouros. Isso mesmo: tesouros de papel.
Conhecido tanto pela obra acadêmica (é professor aposentado de semiótica, mas ainda permanece na ativa na Faculdade de Bolonha) como pelos romances (O Nome da Rosa, publicado em 1980, tornou-se um best-seller mundial), Eco é um colecionador nato; além de livros, gosta também de selos, cartões-postais, rolhas de champanhe. Na sala de seu apartamento, estantes de vidro expõem tantos os livros raros - que, no momento, lideram sua preferência - como conchas, pedras, pedaços de madeira. As paredes expõem quadros que Eco arrematou nas visitas que fez a vários países ou que simplesmente ganhou de amigos - caso de Mário Schenberg (1914-1990), físico, político e crítico de arte brasileiro, de quem o escritor guarda as melhores recordações.
Aos 78 anos, Eco - que tem relançado no País Arte e Beleza na Estética Medieval (Record, 368 págs., R$ 47,90, tradução de Mario Sabino) - exibe uma impressionante vitalidade. Diverte-se com todo tipo de cinema (ao lado de seu aparelho de DVD repousa uma cópia da animação Ratatouille), mantém contato com seus alunos em Bolonha, escreve artigos para jornais e revistas e aceita convites para organizar exposições, como a que o transformou, no ano passado, em curador, no Museu do Louvre, em Paris. Lá, o autor teve o privilégio de passear sozinho pelos corredores do antigo palácio real francês nos dias em que o museu está fechado. E, como um moleque levado, aproveitou para alisar o bumbum da Vênus de Milo. Foi com esse mesmo espírito bem-humorado que Eco - envergando um elegante terno azul-marinho, que uma revolta gravata da mesma cor tratava de desalinhar; o rosto sem a característica barba grisalha (raspada religiosamente a cada 20 anos e, da última vez, em 2009, também porque o resistente bigode preto o fazia parecer Gengis Khan nas fotos) - conversou com a reportagem do Sabático.
O livro não está condenado, como apregoam os adoradores das novas tecnologias?
O desaparecimento do livro é uma obsessão de jornalistas, que me perguntam isso há 15 anos. Mesmo eu tendo escrito um artigo sobre o tema, continua o questionamento. O livro, para mim, é como uma colher, um machado, uma tesoura, esse tipo de objeto que, uma vez inventado, não muda jamais. Continua o mesmo e é difícil de ser substituído. O livro ainda é o meio mais fácil de transportar informação. Os eletrônicos chegaram, mas percebemos que sua vida útil não passa de dez anos. Afinal, ciência significa fazer novas experiências. Assim, quem poderia afirmar, anos atrás, que não teríamos hoje computadores capazes de ler os antigos disquetes? E que, ao contrário, temos livros que sobrevivem há mais de cinco séculos? Conversei recentemente com o diretor da Biblioteca Nacional de Paris, que me disse ter escaneado praticamente todo o seu acervo, mas manteve o original em papel, como medida de segurança.
Qual a diferença entre o conteúdo disponível na internet e o de uma enorme biblioteca?
A diferença básica é que uma biblioteca é como a memória humana, cuja função não é apenas a de conservar, mas também a de filtrar - muito embora Jorge Luis Borges, em seu livro Ficções, tenha criado um personagem, Funes, cuja capacidade de memória era infinita. Já a internet é como esse personagem do escritor argentino, incapaz de selecionar o que interessa - é possível encontrar lá tanto a Bíblia como Mein Kampf, de Hitler. Esse é o problema básico da internet: depende da capacidade de quem a consulta. Sou capaz de distinguir os sites confiáveis de filosofia, mas não os de física. Imagine então um estudante fazendo uma pesquisa sobre a 2.ª Guerra Mundial: será ele capaz de escolher o site correto? É trágico, um problema para o futuro, pois não existe ainda uma ciência para resolver isso. Depende apenas da vivência pessoal. Esse será o problema crucial da educação nos próximos anos.
Não é possível prever o futuro da internet?
Não para mim. Quando comecei a usá-la, nos anos 1980, eu era obrigado a colocar disquetes, rodar programas. Hoje, basta apertar um botão. Eu não imaginava isso naquela época. Talvez, no futuro, o homem não precise escrever no computador, apenas falar e seu comando de voz será reconhecido. Ou seja, trocará o teclado pela voz. Mas realmente não sei.
Como a crescente velocidade de processar dados de um computador poderá influenciar a forma como absorvemos informação?
O cérebro humano é adaptável às necessidades. Eu me sinto bem em um carro em alta velocidade, mas meu avô ficava apavorado. Já meu neto consegue informações com mais facilidade no computador do que eu. Não podemos prever até que ponto nosso cérebro terá capacidade para entender e absorver novas informações. Até porque uma evolução física também é necessária. Atualmente, poucos conseguem viajar longas distâncias - de Paris a Nova York, por exemplo - sem sentir o desconforto do jet lag. Mas quem sabe meu neto não poderá fazer esse trajeto no futuro em meia hora e se sentir bem?
É possível existir contracultura na internet?
Sim, com certeza, e ela pode se manifestar tanto de forma revolucionária como conservadora. Veja o que acontece na China, onde a internet é um meio pelo qual é possível se manifestar e reagir contra a censura política. Enquanto aqui as pessoas gastam horas batendo papo, na China é a única forma de se manter contato com o restante do mundo.
Em um determinado trecho de 'Não Contem Com o Fim do Livro', o senhor e Jean-Claude Carrière discutem a função e preservação da memória - que, como se fosse um músculo, precisa ser exercitada para não atrofiar.
De fato, é importantíssimo esse tipo de exercício, pois estamos perdendo a memória histórica. Minha geração sabia tudo sobre o passado. Eu posso detalhar sobre o que se passava na Itália 20 anos antes do meu nascimento. Se você perguntar hoje para um aluno, ele certamente não saberá nada sobre como era o país duas décadas antes de seu nascimento, pois basta dar um clique no computador para obter essa informação. Lembro que, na escola, eu era obrigado a decorar dez versos por dia. Naquele tempo, eu achava uma inutilidade, mas hoje reconheço sua importância. A cultura alfabética cedeu espaço para as fontes visuais, para os computadores que exigem leitura em alta velocidade. Assim, ao mesmo tempo que aprimora uma habilidade, a evolução põe em risco outra, como a memória. Lembro-me de uma maravilhosa história de ficção científica escrita por Isaac Asimov, nos anos 1950. É sobre uma civilização do futuro em que as máquinas fazem tudo, inclusive as mais simples contas de multiplicar. De repente, o mundo entra em guerra, acontece um tremendo blecaute e nenhuma máquina funciona mais. Instala-se o caos até que se descobre um homem do Tennessee que ainda sabe fazer contas de cabeça. Mas, em vez de representar uma salvação, ele se torna uma arma poderosa e é disputado por todos os governos - até ser capturado pelo Pentágono por causa do perigo que representa (risos). Não é maravilhoso?
No livro, o senhor e Carrière comentam sobre como a falta de leitura de alguns líderes influenciou suas errôneas decisões.
Sim, escrevi muito sobre informação cultural, algo que vem marcando a atual cultura americana que parece questionar a validade de se conhecer o passado. Veja um exemplo: se você ler a história sobre as guerras da Rússia contra o Afeganistão no século 19, vai descobrir que já era difícil combater uma civilização que conhece todos os segredos de se esconder nas montanhas. Bem, o presidente George Bush, o pai, provavelmente não leu nenhuma obra dessa natureza antes de iniciar a guerra nos anos 1990. Da mesma forma que Hitler devia desconhecer os relatos de Napoleão sobre a impossibilidade de se viajar para Moscou por terra, vindo da Europa Ocidental, antes da chegada do inverno. Por outro lado, o também presidente americano Roosevelt, durante a 2.ª Guerra, encomendou um detalhado estudo sobre o comportamento dos japoneses para Ruth Benedict, que escreveu um brilhante livro de antropologia cultural, O Crisântemo e a Espada. De uma certa forma, esse livro ajudou os americanos a evitar erros imperdoáveis de conduta com os japoneses, antes e depois da guerra. Conhecer o passado é importante para traçar o futuro.
Diversos historiadores apontam os ataques terroristas contra os americanos em 11 de setembro de 2001 como definidores de um novo curso para a humanidade. O senhor pensa da mesma forma?
Foi algo realmente modificador. Na primeira guerra americana contra o Iraque, sob o governo de Bush pai, havia um confronto direto: a imprensa estava lá e presenciava os combates, as perdas humanas, as conquistas de território. Depois, em setembro de 2001, se percebeu que a guerra perdera a essência de confronto humano direto - o inimigo transformara-se no terrorismo, que podia se personificar em uma nação ou mesmo nos vizinhos do apartamento ao lado. Deixou de ser uma guerra travada por soldados e passou para as mãos dos agentes secretos. Ao mesmo tempo, a guerra globalizou-se; todos podem acompanhá-la pela televisão, pela internet. Há discussões generalizadas sobre o assunto.
Falando agora sobre sua biblioteca, é verdade que ela conta com 50 mil volumes?
Sim, de uma forma geral. Nesse apartamento em Milão, estão apenas 30 mil - o restante está no interior da Itália, onde tenho outra casa. Mas sempre me desfaço de algumas centenas, pois, como disse antes, é preciso fazer uma filtragem.
Por que o senhor impediu sua secretária de catalogá-los?
Porque a forma como você organiza seus livros depende da sua necessidade atual. Tenho um amigo que mantém os seus em ordem alfabética de autores, o que é absolutamente estúpido, pois a obra de um historiador francês vai estar em uma estante e a de outro em um lugar diferente. Eu tenho aqui literatura contemporânea separada por ordem alfabética de países. Já a não contemporânea está dividida por séculos e pelo tipo de arte. Mas, às vezes, um determinado livro pode tanto ser considerado por mim como filosófico ou de estética da arte; depende do motivo da minha pesquisa. Assim, reorganizo minha biblioteca segundo meus critérios e somente eu, e não uma secretária, pode fazer isso. Claro que, com um acervo desse tamanho, não é fácil saber onde está cada livro. Meu método facilita, eu tenho boa memória, mas, se algum idiota da família retira alguma obra de um lugar e a coloca em outro, esse livro está perdido para sempre. É melhor comprar outro exemplar (risos).
Um estudioso que também é seu amigo, Marshall Blonsky, escreveu certa vez que existe de um lado Umberto, o famoso romancista, e de outro Eco, professor de semiótica.
E ambos sou eu (risos). Quando escrevo romances, procuro não pensar em minhas pesquisas acadêmicas - por isso, tiro férias. Mesmo assim, leitores e críticos traçam diversas conexões, o que não discuto. Lembro de que, quando escrevia O Pêndulo de Foucault, fiz diversas pesquisas sobre ciência oculta até que, em um determinado momento, elas atingiram tal envergadura que temi uma teorização exagerada no romance. Então, transformei todo o material em um curso sobre ciência oculta, o que foi muito bem-feito.
Por falar em 'O Pêndulo de Foucault', comenta-se que o senhor antecipou em muito tempo O Código de Da Vinci, de Dan Brown.
Quem leu meu livro sabe que é verdade. Mas, enquanto são os meus personagens que levam a sério esse ocultismo barato, Dan Brown é quem leva isso a sério e tenta convencer os leitores de que realmente é um assunto a ser considerado. Ou seja, fez uma bela maquiagem. Fomos apresentados neste ano em uma première do Teatro Scala e ele assim se apresentou: "O senhor não me admira, mas eu gosto de seus livros." Respondi: Não é que eu não goste de você - afinal, eu criei você (risos).
Em seu mais conhecido romance, O Nome da Rosa, há um momento em que se discute se Jesus chegou a sorrir. É possível pensar em senso de humor quando se trata de Deus?
De acordo com Baudelaire, é o Diabo quem tem mais senso de humor (risos). E, se Deus realmente é bem-humorado, é possível entender por que certos homens poderosos agem de determinada maneira. E se ainda a vida é como uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, como Shakespeare apregoa em Macbeth, é preciso ainda mais senso de humor para entender a trajetória da humanidade.
Como foi a exposição no Museu do Louvre, em Paris, da qual o senhor foi curador, no ano passado?
Há quatro anos, o museu reserva um mês para um convidado (Toni Morrison foi escolhida certa vez) organizar o que bem entender. Então, me convidaram e eu respondi que queria fazer algo sobre listas. "Por quê?", perguntaram. Ora, sempre usei muitas listas em meus romances - até pensei em escrever um ensaio sobre esse hábito. Bem, quando se fala em listas na cultura, normalmente se pensa em literatura. Mas, como se trata de um museu, decidi elaborar uma lista visual e musical, essa sugerida pela direção do Louvre. Assim, tive o privilégio (que não foi oferecido a Dan Brown) de visitar o museu vazio, às terças-feiras, quando está fechado. E pude tocar a bunda da Vênus de Milo (risos) e admirar a Mona Lisa a apenas 20 centímetros de distância.
O senhor esteve duas vezes no Brasil, em 1966 e 1979. Que recordações guarda dessas visitas?
Muitas. A primeira, em São Paulo, onde dei algumas aulas na Faculdade de Arquitetura (da USP), que originaram o livro A Estrutura Ausente. Já na segunda fui acompanhado da família e viajamos de Manaus a Curitiba. Foi maravilhoso. Lembro-me de meu editor na época pedindo para eu ficar para o carnaval e assistir ao desfile das escolas de samba de camarote, o que não pude atender. E também me recordo de imagens fortes, como a da moça que cai em transe em um terreiro (para o qual fui levado por Mario Schenberg) e que reproduzo em O Pêndulo de Foucault.


25 de junho de 2010

ARQUITETURA E URBANISMO


Depois de passar por um período próspero, em que a construção civil caminhou de maneira acelerada, o país vê o mercado andar um pouco mais devagar. Com isso, os profissionais envolvidos no setor, entre eles o arquiteto, precisam de mais competência para se manter na ativa. Além de atuar na elaboração e construção de empreendimentos, o arquiteto tem campo aberto nas etapas finais de uma obra, como a decoração de interiores. O início e a conclusão dos empreendimentos representam possibilidades diversas para o arquiteto. Estima-se que 40% das construções tenham um profissional desse perfil para cuidar do acabamento, que vai desde a escolha dos revestimentos até a seleção de objetos de decoração. Tudo para atrair o interesse de compradores. "Trata-se de um trabalho importante porque as pessoas buscam cada vez mais locais agradáveis", diz a arquiteta Alice Martins, sócia do escritório Alice Martins e Flavio Butti, especializado em design de interiores, de São Paulo. O estudante que se interessar por essa área precisa ter disposição para enfrentar reuniões com clientes ou fornecedores e para bater perna atrás das novidades do mercado. Outras características indispensáveis são criatividade, organização e habilidade para desenhar. Entre suas funções está a de determinar quais materiais serão usados nas obras, levando em consideração o uso do imóvel. Em parceria com o engenheiro civil, o arquiteto acompanha o andamento de construções e gerencia custos e mão de obra. Na área de urbanismo, o profissional de arquitetura atua na orientação do crescimento de cidades e em projetos de saneamento. 



Saiba onde estudar Arquitetura e Urbanismo 


O mercado de trabalho

O mercado da construção civil está aquecido em todo o país, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste. A necessidade de as construtoras contarem com projetos diferenciados para conquistar a preferência do consumidor torna o arquiteto um profissional essencial. Nem a ameaça de crise financeira deve atrapalhar. "As dificuldades do setor no Brasil são as mesmas há anos, mas o cenário tem melhorado. A proteção ao crédito no país é maior do que no mercado norte-americano. O ramo imobiliário, até aqui, não foi afetado pela crise", explica Silvio Passareli, diretor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), de São Paulo.Paisagistas e urbanistas encontram lugar na administração nas prefeituras municipais, para realizar o reordenamento territorial e organizara distribuição de terras. A possibilidade de abrir o próprio escritório existe, mas é mais difícil para o recém-formado, com pouca experiência. Empresas privadas de diversos ramos de atuação, como criação de mobiliário, cerâmica e montagem de cozinhas, também têm oferecido vagas para o arquiteto. O mercado do interior paulista é amplo e muitos graduados estão migrando para cidades como Campinas, Limeira e Ribeirão Preto. "Nessas cidades, os profissionais encontram campo e espaço para atuar. Muitos deles, que são do interior, decidem voltar à sua cidade de origem depois de formados para trabalhar", conta Passareli. Em regiões menos desenvolvidas, o arquiteto sempre foi considerado um artigo de luxo e, portanto, pouco procurado tanto pelo setor público quanto pelo privado. Mas esse panorama começa ser alterado.


O curso

O currículo mescla disciplinas das Ciências Humanas e de Exatas, como matemática, história da arte, resistência de materiais e computação gráfica. O primeiro semestre é bastante teórico, mas, já a partir do segundo, há maior carga de aulas práticas. A criatividade é fundamental na hora de o estudante fazer os esboços, mas é preciso estar pronto para mergulhar nos cálculos. Estágio e trabalho de conclusão de cursos são obrigatórios na maioria das instituições. 

Duração média: cinco anos.

Outros nomes: Arquit.; Arquit. Rural e Urbana; Comp. Paisagística; Urbanismo.


O que você pode fazer


Arquitetura de interioresOrganizar o espaço interno, definindo os materiais de acabamento e a distribuição de móveis e objetos, considerando a acústica, a ventilação, a iluminação e a estética.Comunicação visualCriar a identidade visual de empresas e produtos, com logotipos, embalagens e material impresso ou digital.Paisagismo e ambienteDesenvolver espaços abertos, como jardins, parques e praças, combinando plantas, pedras, madeiras, calçamento e iluminação. .Edificação e construçãoProjetar, acompanhar e coordenar obras, definindo materiais e controlando prazos e custos.LuminotécnicaFazer o projeto de iluminação de grandes e pequenos espaços. Realizar a iluminação de eventos.Restauro de edifíciosRecuperar casas e prédios antigos ou deteriorados, mantendo as características originais.Urbanismo
Planejar uma região, cidade ou bairro, elaborando o plano diretor e o zoneamento que vão direcionar o crescimento
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