1 de julho de 2011

Artes Liberais 
A antiga divisão do universo num desenvolvimento objetivo no espaço e no tempo, por um lado, e numa alma que reflete esse desenvolvimento, por outro, já não serve para ponto de partida caso se queira compreender as ciências modernas da natureza. É, antes de tudo, a rede de interligações entre o homem e a natureza o objetivo central da ciência. Werner Heisenberg 
Para o homem moderno é inconcebível sequer levar em consideração a possibilidade de que haja alguma relação entre os astros celestes e a psique humana. Afinal, isto que é chamado de “pura e remota possibilidade” é considerado - pelo homem moderno - como um grande devaneio de apelo saudosista e nostálgico, determinado pela crença corrente de que aquilo que é antigo, pertencente a tempos remotos, já está e sempre estará ultrapassado, visto a evolução a que chegamos. Entretanto, se assim o fosse, de nada adiantaria a experiência e o conhecimento já conquistados pela geração dos nossos antepassados e, desse modo, teríamos sempre que começar do zero, correndo o risco de cometer então os mesmos erros que eles inclusive já cometeram por nós - tal como a criança que, insistentemente, leva choque ao colocar o dedo na tomada, apesar das advertências do papai. 

 Por isto, antes mesmo de criticar a astrologia dizendo que ela é uma ciência antiga que já caiu em desuso, deveríamos rever as nossas noções de “novo”, “velho” e, sobretudo, de “progresso” – ainda mais quando se trata do progresso e da evolução do conhecimento. Afinal, o “novo” não pode significar, unica e exclusivamente, a derrota e a destruição de algo que perdeu a sua validade e que, por isso, se tornou obsoleto, ultrapassado e “velho”. Ao contrário: um conhecimento dito “novo” também ocorre quando está firmemente ancorado no que de melhor o passado já edificou e quando se torna o melhor prolongamento daquelas pedras angulares que pavimentaram o solo onde pode se erguer toda uma cultura. Ou seja: o novo não é somente uma derrota do velho - é também a melhor continuidade do velho. O novo, no melhor das vezes, é uma releitura que expressa uma síntese mais profunda e mais sucinta das sucessivas máscaras com que os fatos foram se apresentando ao longo do tempo e que tornaram o conhecimento tão confuso e difícil. Por isso, um conhecido dito “novo” – e que possa ser considerado autêntico – deve na maior parte das vezes abarcar a imensa massa incompreensível dos fatos, apresentando-a sob uma ótica clara e compreensível, dando-lhe uma luz e um polimento até então inexistentes.

Avaliando o progresso e a evolução do conhecimento sob esse ângulo (1), talvez seja possível compreender a idéia e o valor que estão embutidos na palavra “tradição”, usada inclusive para qualificar um certo grupo de conhecimentos do passado da nossa civilização e a maneira como ele era transmitido e ensinado. A esse conhecimento era dado o nome de Ciência Tradicional. Para compreendê-lo perfeitamente, devemos nos lembrar que a palavra “tradição”, etimologicamente, significa transmissão. E que ele procurava transmitir certas noções de uma maneira em que nunca se perdesse a visão do conjunto – ou de uma maneira em que um novo campo de conhecimento pudesse ser abarcado pelo quê de mais sólido foi construído por outras disciplinas, tal como um tijolo que, de unidade a unidade, vai compondo uma casa. Aliás, o Pensamento ou a Ciência dita Tradicional caracteriza-se sobretudo por esta noção: de uma unidade essencial que determina uma hierarquia e uma ordem que abarca todos os fatos existentes, propondo uma interpretação do homem e do universo de uma maneira em que todos os fatos caóticos e dispersos se encaixem, encontrem o seu devido lugar e a sua devida explicação e façam sentido, eliminando assim o absurdo e a incoerência que geralmente abala e espanta a nossa inteligência.

Neste contexto, não deveria nos espantar o fato de que a astrologia tenha sido a disciplina que coroava o sistema de conhecimentos tradicionais chamado de Artes Liberais, e que pode ser visto como um grandioso sistema pedagógico que, de disciplina em disciplina, se propunha a levar o indivíduo a elaborar a totalidade da experiência de uma maneira em que ela se tornasse compreensível. Na história da cultura ocidental esse sistema existiu, quase sem interrupções, desde a antigüidade até a idade média, se tornando o berço e a fonte de onde nasceram quase todos os conhecimentos mais significativos da nossa cultura, tal como resumimos no quadro que se segue:

AS ARTES LIBERAIS: ( Ciências do Trivium
Gramática: disciplina que levava o indivíduo a perceber a base material em que se constrói o discurso e que lhe dá um corpo ( como, por exemplo, no estudo dos sons das palavras e - ainda em algumas culturas - da imagem das letras), demonstrando dessa maneira o elo existente entre a dimensão física e a dimensão lingüística e simbólica. 
Lógica: disciplina que levava o indivíduo a perceber uma certa exigência que move forçosamente o raciocínio numa direção específica, impulsionado pela necessidade de desenvolver uma síntese cada vez mais abrangente dos fatos e que lhe coloca na condição de participar, em níveis e graus variados, de um plano superior, demonstrando dessa maneira o elo existente entre a dimensão cognitiva e a dimensão metafísica, isto é, entre a inteligência individual e uma certa inteligência universal, o Logos. 
Retórica: disciplina que levava o indivíduo a perceber que há diversas e variadas maneiras de causar uma comoção e uma reflexão no outro, estimulando-o a participar também da experiência do conhecimento, se deparando, assim, com o fato de que a dimensão metafísica deve ser apreendida por cada inteligência em particular, demonstrando dessa maneira o elo existente entre a inteligência particular e a alheia.

AS ARTES LIBERAIS  (Ciências do quadrivium)  
Aritmética: disciplina que levava o indivíduo a perceber não tão somente o número pela sua característica quantitativa visto que, para que as coisas sejam várias e possam ser contadas, elas têm que ser necessariamente uma, isto é, ter unidade, revelando então o caráter essencial e substancial das coisas existentes, a sua estrutura elementar, demonstrando que tudo é o que é por possuir uma “misteriosa” força de unidade e integridade que faz com que as coisas se apresentem e sejam desta maneira - e não de outra. A aritmética era, antes de tudo, um estudo das identidades. 
Geometria: disciplina que levava o indivíduo a perceber como as unidades se distribuem ao longo do espaço e o ocupam, demonstrando que as idéias de proporção (da dimensão espacial) bem como as de perspectiva (da direção espacial) eram desenvolvidas com o fim de estabelecer o equilíbrio e a harmonia espacial. 
Música: disciplina que levava o indivíduo a perceber como as unidades se manifestam ao longo do tempo, isto é, o compasso de duração típico de cada coisa, revelando o ritmo sob o qual tudo se desenvolve, demonstrando que as idéias de melodia e ressonância eram desenvolvidas com o fim de estabelecer o equilíbrio e a harmonia temporal. 
Astrologia: disciplina que levava o indivíduo a perceber o laço existente entre as três noções anteriormente apreendidas, isto é, entre a noção de unidade, espaço e tempo, demonstrando que cada coisa, por ser o que é, se desenvolve ao longo de um tempo e ocupa um certo lugar que lhe são muito peculiares, revelando assim os laços e as relações existentes entre a estrutura elementar particular (o microcosmo) e a estrutura universal (o macrocosmo), permitindo descobrir a unidade dentro da diversidade, a ordem dentro do caos - tudo com o fim de estabelecer, digamos, o equilíbrio e a harmonia existencial. A astrologia era a disciplina que se ocupava com o estudo do significado do céu, enquanto a astronomia tratava somente do aspecto físico e descritivo deste mesmo céu, sem o seu conteúdo simbólico. A astrologia era, antes de tudo, um estudo astronômico sobre o sentido e o significado de como todas as coisas estão arranjadas. A astrologia, pois, não passava de uma astronomia significativa. (2)

Desse modo, podemos perceber que as Artes Liberais não compunham um simples agregado casual de disciplinas, nem mesmo uma combinação engenhosa de elementos díspares juntados tão somente em vista do desenvolvimento pedagógico a que se propunham.
As Artes Liberais compunham um sistema, uma unidade dotada de coesão intrínseca, por mais que historicamente esta unidade se mantivesse velada e não fosse abordada textualmente de maneira explícita, e por mais que o conteúdo de uma disciplina nem sempre demonstrasse claramente a correlação existente com as outras, visto que, ora e meia, uma disciplina se tornava mais valorizada do que as demais, fazendo com que os laços existentes entre elas se tornassem mais tênues. No entanto, tão íntimos e inextricáveis eram estes laços que se poderia dizer, sem exagero, que constituíam uma só ciência estudada sob sete aspectos diferentes, se tornando representativa não tão somente em cada uma de suas partes isoladas como também na estrutura do seu conjunto. 

Podemos perceber também uma coisa muito mais interessante: no contexto das Artes Liberais, o conhecimento da linguagem (representado pelas disciplinas do trivium) antepunha-se ao conhecimento das coisas existentes (representado pelas disciplinas do quadrivium), estipulando uma seqüência ordenada que fazia da linguagem e das letras a introdução necessária para o conhecimento da realidade e da natureza. O que nos parece, pelo menos, sensato: afinal, se não conhecemos o instrumento que nos torna possível o conhecimento - a inteligência - como poderíamos nos certificar dos seus resultados quando ela penetrasse nos domínios da natureza? 
Vemos, assim, que as disciplinas do trivium e do quadrivium pontuam uma diferença de planos existente entre a dimensão cognitiva individual e a dimensão do real - bem como uma diferença de plano muito mais complexa existente entre estas dimensões para com uma outra dimensão: a metafísica ou sobrenatural(3). A passagem de uma destas dimensões para a outra equivaleria a um salto de planos que pode ser encarado como uma verdadeira transcendência, a ser realizada pelo indivíduo humano. A divisão das Artes Liberais em trivium e quadrivium expressa, pois, uma distinção de planos: 
1. de um lado, as estruturas e as leis da cognição individual; 
2. de outro, as estruturas e as leis da natureza sensível; 
3. e, para além destas dimensões, as Estruturas e as Leis Maiores nas quais estas se fundamentam e   encontram um sentido, revelando os “laços de correspondências” que as igualam e as unem e que dissolvem todas as diferenças existentes. É claro que a relação entre estas não é direta e explícita e só pode ser mediada pelo ser humano. Este é, afinal, o sentido presente em qualquer cosmovisão tradicional. Na cosmovisão grega, por exemplo(4), reconhecemos as seguintes dimensões: 

1. Ethos, correspondendo ao mundo humano de indecisão e liberdade relativa; 
2. Physis, correspondendo à ordem repetitiva e mecânica da natureza sensível; 
3. Logos, correspondendo à esfera absoluta dos princípios metafísicos. 

Com isto, reencontramos dois temas que tradicionalmente se repetem no meio astrológico, muito embora esvaziado do seu verdadeiro significado: o do Homem como mediador entre o Céu e a Terra, e o das correspondências entre ditos “planos superiores e inferiores”. Somente considerando o conhecimento e a cosmovisão tradicionais é que conseguiremos compreender que a ciência da natureza não estava voltada fundamentalmente para o aspecto sensível das coisas mas, sim, que cumpria a tarefa de levar o homem desde o conhecimento sensível até a esfera dos supremos princípios metafísicos. O conhecimento da natureza valia sobretudo pelas suas reverberações simbólicas, pelo vislumbre que podia dar de um plano superior, isto é, de uma dimensão metafísica ou sobrenatural. A totalidade da natureza sideral configurava uma zona de indeterminação e era considerada como um mundo intermediário, área de transição entre :



Outra coisa a se observar: na estrutura das Artes Liberais, o domínio da linguagem e do pensamento era representado por 3 disciplinas, enquanto que o domínio das coisas e da realidade era representado por 4 disciplinas - e 3 x 4 = 12. Doze eram, portanto, as “possibilidades” entre a palavra e a coisa, entre o fenômeno e o significado do fenômeno, entre a realidade sensível e a inteligível. A astrologia, assim, não era mais do que um mapeamento e uma sistematização dessa atividade de mediação que é própria do homem em estabelecer a conexão entre a realidade sensível e certos princípios metafísicos.

Fonte:  EDIL CARVALHO - astrocaracterólogo  



22 de março de 2011

Livro sobre o Clube da Esquina é relançado
O livro "Os Sonhos Não Envelhecem - Histórias do Clube da Esquina", de autoria de Márcio Borges, irmão de Lô Borges, foi relançado em uma edição de luxo. Lançado há 15 anos, o livro vendeu mais de 30 mil exemplares. Agora, com preço promocional de R$ 29,90, até que se esgote a tiragem de 5 mil cópias da sua 6ª edição, impressa com recursos de leis de incentivo do Ministério da Cultura - o preço normal é de R$ 49,90. A edição é acompanhada de um CD com 10 canções do Clube da Esquina, entre elas "Canto Latino", "Gira Girou" e "Tudo que Você Podia Ser".
O livro foi o primeiro a contar a história do Clube da Esquina. Segundo o autor, até então, não existia nenhuma referência literária a esse movimento musical. "Meu livro foi o primeiro que narrou aquela época e a história de nossos encontros e desencontros."
Nas páginas do livro, Márcio conta histórias curiosas sobre como conheceu o grande amigo Bituca - apelido de Milton Nascimento - e os outros integrantes do clube, como Beto Guedes e Wagner Tiso. Uma personagem dessa história, no entanto, não chamou muita atenção quando a obra foi lançada, em 1996. Era Dilma Rousseff.
Até hoje, a presidente do País é amiga dos músicos do clube. "Nós éramos jovens. Eu com 19 e ela com 17 anos. Estudávamos no Colégio Estadual Central. Amávamos a revolução e as festas", recorda Márcio. "A gente se encontrava todo santo dia para conversar sobre política e filosofia."



24 de fevereiro de 2011

VANISHING POINT - THE J.B.PICKERS

Para você que é fanático por trilhas sonoras, eis aqui uma obra prima rara, recebo vários pedidos para que criássemos um setor no blog tratando só de Trilhas Sonoras, então resolvemos iniciar com Vanishing Point - 1971.Para muitos brasileiros, bastam alguns instantes da música “Freedom of Expression”, de Bowen, para que os neurônios comecem a se agitar: diretamente de um dos melhores momentos do filme, seu poderoso ataque instrumental de guitarras invocadíssimas virou música-tema do programa Globo Repórter.

Vanishing Point é o filme americano perfeito para 1971. Kowalski é um perdedor, ex-fuzileiro no Vietnã, ex-piloto de provas e ex-policial, expulso da corporação com desonra. Ele tinha uma namorada surfista que se afogou no mar, e agora é um entregador de carros que aceita levar um Dodge Challenger 1970 de Denver, no Colorado, para São Francisco, na Califórnia. Kowalski tem 15 horas para ganhar uma aposta e vai para a estrada. Vanishing Point é um road movie. Um filme B, de orçamento barato, despretencioso e clássico. Kowalskidirige dia e noite, tomando benzedrina e lembrando do que deixou para trás; a namorada antes da morte inexplicável, fracassos e uma vida sem sentido.Nada parece justificar a motivação da personagem. É mais do que uma aposta e Kowalski sabe disso. A sua vida está naquela estrada, por isso ele segue em frente, sem respeitar limites de velocidade, ordens e barreiras montadas para detê-lo, inutilmente. Kowalski acelera e passa a ser alvo da polícia rodoviária, que o persegue de um estado para outro. No caminho, dá de cara com o que sobrou do sonho libertário da década anterior: hippies místicos pregando no deserto, uma motoqueira nua e misteriosa, um vendedor de cobras que o ensina a sair do deserto de Nevada, quando fica sem gasolina, e um DJ de uma rádio local. Super Soul é negro e cego, outro segregado na América de sonhos e oportunidades que não se realizaram - como Kowalski. O DJ capta pelo rádio as ordens policiais contra Kowalski, e passa a orientá-lo sobre todos os passos dos tiras raivosos e frustrados que estão na sua captura. O DJ dedica músicas a Kowalski e fala aos seus ouvintes sobre "a última alma livre de todo o planeta, o último herói livre da América, o centauro elétrico caçado pelos azulões fascistas e corruptos".

A polícia descobre que a sua primeira suspeita é infundada. O carro de Kowalski não é roubado. Super Soul pergunta: O que ele quer provar agora? Kowalski não quer provar nada. Não há o que provar em um jogo perdido, mas é preciso ir até o fim. A mídia interessa-se pela perseguição e passa a acompanhar o caso. O DJ é entrevistado, defende Kowalski e sua estação de rádio é destruída por policiais. Na última transmissão, Super Soul entende o “desejo de velocidade do infrator como a condição de liberdade da alma”. Perto de São Francisco, a polícia monta uma barreira na estrada com motoniveladoras, viaturas, helicópteros e um imenso aparato para pegar Kowalski. Jornais e emissoras de todo o país também estão presentes, além de uma infinidade de curiosos. Kowalski diminui e encara o espetáculo que está à sua espera. Ele não tem saída, é o que todo mundo pensa. É o ponto alto do filme.

A metáfora para o início dos anos 70 na América é perfeita: o fim do sonho no meio de uma guerra distante, além dos conflitos interiores de um desajustado – sempre uma personagem interessante na ficção norte-americana. Os 60 fracassaram, como Kowalski – e não era hora de um individualismo tão inesperado e transgressor. Ninguém sabia o que poderia acontecer depois da turbulência dos sixties. Vanishing Point é o lado B de Easy Rider, dirigido por Dennis Hopper em 69, e de Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni, de 70 – que já tinha feito Blow Up em 66. É o cinema que colocou o ponto final nos anos 60.

Vanishing Point passou no Brasil com dois títulos: Corrida Contra o Destino e O Último Herói da América. Era um filme fácil de ver na programação que encerrava a madrugada da TV Globo. Depois parou de passar. Outro dia via uma refilmagem para a TV, com Viggo Mortensen (O Senhor dos Anéis) como Kowalski e Jason Priestley como o DJ. É claro que o original, dirigido por Richard Sarafian em 71, com Barry Newman como Kowalski e Cleavon Little no papel de Super Soul, é insuperável. Recentemente, anuncia-se uma nova refilmagem de Vanishing Point, dirigido por Samuel Bayer, o mesmo diretor que fez o clipe de Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. É esperar para ver, não sem antes conhecer o original de Sarafian, lançado em DVD em 2004.
A trilha sonora de Vanishing Point é memorável, com temas obscuros de country music, soul,gospel, rock e funk. No inícios dos 70, quase tudo era obscuro. Vanishing Point é um filme tão inspirador que foi responsável por um clássico da melhor banda inglesa dos anos 90. O Primal Scream lançou em 97 um disco com o mesmo nome do filme. A banda do freakBobby Gillespie fez uma homenagem à transição dos 60 para os 70 influenciada pelo filme de Sarafian. A música Kowalski é uma avalanche sonora que começa com uma das últimas perguntas do Super Soul: a questão não é o que poderá detê-lo, mas quem poderá detê-lo ? Éa mesma atmosfera chapada dos anos 70, apesar dos anos politicamente corretos que antecederam a virada para o novo milênio. O Primal Scream nunca ligou para isso, por isso é uma banda de respeito. O Audioslave também dedicou uma música a Vanishing Point,Show Me How To Live. Se alguém mostrar a você como viver, acredite e vá em frente, como Kowalski. O fim nunca se sabe, mas sempre achei que Kowalski sabia...

Fonte: http://ivanova.multiply.com
Abaixo cenas do filme: Vanishing Point - Freedom of Expression
                                              

 Em 1972 quando foi posto no ar pela primeira vez o programa Globo Repórter, se sonhava com um programa de notícias e reportagens sérias que pudesse cativar interesse tanto do povão como dos mais letrados. O que não se imaginava era o sucesso que seu tema principal, um número encontrado apenas em uma trilha sonora de um filme B americano, faria.
Durante os primeiros anos do programa, o tema era a versão original do instrumental "Freedom of Expression," executado pelo desconhecido conjunto chamado The J.B. Pickers. Hoje, quase trinta anos mais tarde, o programa Globo Repórter continua utilizando o mesmo tema, apenas agora em uma versão caseira executada por um sintetizador, versão no ar desde a década de oitenta.
Quem poderia adivinhar que um tema tão pouco conhecido no seu país de origem, pudesse cativar quase toda uma nação que imediatamente associa aquele baixo e guitarra pulsantes com as urgentes reportagens a serem exploradas pelo programa? E de 1972 para cá se criou a grande curiosidade em alguns de saber, que banda é essa? Chutavam alguns se tratar de Pink Floyd, em algum trabalho raro que nunca chegou a ser lançado em um de seus discos oficiais. Quando o filme "The Vanishing Point" contendo a honrosa faixa "Freedom of Expression", teve sua trilha sonora lançada no Brasil, pôde-se conferir a autoria aos anônimos The J. B. Pickers.
Continuava a duvida, quem são esses J. B. Pickers? Não constam em catálogo algum de discos, tampouco nenhuma enciclopédia de rock faz qualquer menção a essa banda. Passaram alguns a especular se J. B. não seria Jeff Beck? Até mesmo hoje em dia, com a conveniência da internet, se fizer uma busca sobre The J B Pickers, tudo que irá encontrar é a menção ao filme Vanishing Point ou outros internautas, curiosamente perguntando também o que se sabe a respeito desta banda. Afinal, quem são esses ilustres desaparecidos? Pois bem, vamos então matar a charada agora para vocês.
The J. B. Pickers não existe. É um nome fictício utilizado então exclusivamente na gravação de duas faixas deste filme, The Vanishing Point. Seus músicos são contratados de estúdio e não há disponível no momento a relação de seus nomes. Posso comentar apenas sobre a autoria do tema, seu idealizador, J. B., ou seja, Jim Bowen.
Jim Bowen nasceu em Santa Rita, Novo México, em 1937, mas foi criado em Dumas, no Texas, desde os oito anos de idade. Mal sabia tocar seu baixo quando em 1957 sua banda de rockabilly, The Orchids, chamou a atenção de Roy Orbison. Este por sua vez, facilitou o contato com Norman Petty que organizou uma sessão de gravação em Clovis, Novo Mexico. Lá gravaram duas faixas, "Party Doll" cantando o colega Buddy Knox e "I'm Stickin with You" com ele, Jimmy Bowen. As duas canções ganham co-autoria Knox-Bowen e o compacto, lançado pelo pequeno selo Triple D, imprime em cada lado o crédito Buddy Knox & the Rhythm Orchids e Jimmy Bowen & the Rhythm Orchids. Inesperadamente, o compacto se torna um sucesso entre as rádios da região.
Sempre alerta ao que estava acontecendo na música pelo país, o famoso DJ Alan Freed acabou ouvindo e colocando o compacto em sua programação. Uma vez em Nova York, The Rhythm Orchids tiveram a oportunidade de participar de alguns dos Rock and Roll Shows promovidos por Freed, o que atraiu o interesse de Morris Levy da gravadora Roulette Records em contratá-los. Se tratando de um conjunto de rapazes jovens, caipiras do interior, podem imaginar o choque cultural que não deve ter sido estar em Nova York dividindo as atenções com gente como Little Richard, cuja homossexualidade chocou a todos. Igualmente difícil imaginar os rapazes tentando tratar das negociações de contratos com executivos de gravadoras da 'cidade grande'. Levy amarrou o conjunto em um contrato desfavorável e obrigou-os a cumprí-lo. Ele dividiu a banda em duas, e lançou simultaneamente compactos com Buddy Knox & the Rhythm Orchids e Jimmy Bowen & the Rhythm Orchids.
Enquanto "I'm Stickin with You" de Jimmy Bowen & the Rhythm Orchids só chegou a No.17, "Party Doll" de Buddy Knox & the Rhythm Orchids chegou a No.1. De fato, Buddy Knox era infinitamente melhor músico e cantor, e sua carreira dentro dos três anos de contrato com a Roulette Records lhe rendeu outros hits entre as vinte mais das paradas de sucesso. Jimmy Bowen pelo contrario, apesar de lançar onze compactos até janeiro de 1960, o fim de seu contrato de artista com a Roulette, jamais conseguiu colocar outra canção entre os vinte mais.
Contudo, Bowen se interessa cada vez mais por produção de discos e embora ocasionalmente lançando seu próprio material conforme exigia seu contrato, passou também a produzir para outros artistas dentro da Roulette Records. Seu trabalho deve ter agradado, pois Frank Sinatra o chama para trabalhar com ele na Reprise Records. Desta maneira, aos vinte e cinco anos, a sua carreira como produtor deslancha. Bowen consegue colocar Sinatra e seus amigos novamente nas paradas de sucesso durante a década de sessenta. Agradar Frank Sinatra sempre confere um selo de qualidade para qualquer currículo. Principalmente porque Sinatra nem sempre quer ouvir uma opinião desfavorável, portanto ai de você se algo não der o resultado esperado.
Com competência, Jimmy Bowen produziu uma sucessão de bons discos que venderam bem, de artistas como Sammy Davis Jr., Dean Martin, Nancy Sinatra e Bert Kaempfert. Depois da passagem pela Reprise, trabalhou para a Capitol, MGM, Elektra/Asylum, e MCA.
Na década de setenta, foi responsável pela supervisão de sua primeira trilha sonora, o filme "The Vanishing Point." Na trilha, além de artistas consagrados como Mountain e Big Mama Thorton, há três faixas compostas por Jimmy Bowen. Um tema incidental chamado "Love Theme" que é creditado ao Jimmy Bowen Orchestra & Chorus, e dois temas, o funkão "Super Soul Theme" e o rock pauleira, "Freedom of Expression" creditados ao The J.B. Pickers. Outras participações em trilhas sonoras incluem os filmes "Smokey & the Bandit 2" de 1980, "Slugger's Wife" de 1985, e a trilha sonora da peça teatral "Big River" em 1988.Na década de oitenta em diante, Bowen passou a trabalhar cada vez mais com música country, fixando-se em Nashville e segundo alguns, contribuindo para baratear os custos de produção, utilizando uma política austera de investir apenas em artistas que seguramente vendem. Durante a segunda metade da década de setenta ele gravou artistas do quilate de Glen Campbell e Kenny Rogers. Na década de oitenta, gravou Conway Twitty, Hank Williams Jr., George Strait, Steve Wariner, Steve Earle, The Oak Ridge Boys, Kim Carnes, Reba McEntire e Garth Brooks. Nos anos noventa, produziu discos de Andy Williams, Chris Le Doux, The Pirates of Mississippi, e Willie Nelson entre outros.Jimmy Bowlin, Gary Reece, Ron Lane, John PennellDestes, Bowen se desentendeu com Garth Brooks, que de jovem e submissa revelação, cresceu para se tornar um super astro do country, e portanto ganhou autonomia para sustentar suas próprias decisões. Jimmy Bowen acabou nutrindo um câncer e deixou a gravadora, inicialmente pensando em se aposentar. Hoje, ele volta a tocar como músico em sua banda de bluegrass, Jimmy Bowen & the Santa Fe, formados por Jimmy Bowen no mandolin, Gary Reece no banjo, John Pennell no Baixo e Ron Lanena na guitarra.

Fonte: http://whiplash.net
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