17 de fevereiro de 2011

Biblioteca Mário de Andrade 

Imagem do postA Biblioteca Mário de Andrade (BMA) é uma das mais importantes bibliotecas de pesquisa do país. Fundada em 1925 como Biblioteca Municipal de São Paulo, é a primeira biblioteca pública da cidade e a segunda maior biblioteca pública do país, superada, apenas, pela Biblioteca Nacional. Foi inaugurada, em 1926, na Rua 7 de Abril, com uma coleção inicial formada por obras doadas pela Câmara Municipal de São Paulo. 
Em 1935, foi criado o Departamento de Cultura e Recreação (chefiado por Mário de Andrade entre 1935 e 1938). No escopo das atividades do novo departamento estava a implantação de um sistema de bibliotecas no município. Esse projeto ficou a cargo da Biblioteca Pública Municipal, desde então acumulando as funções de Divisão de Bibliotecas.
Em 1937, incorporou a Biblioteca Pública do Estado e, a partir de então, importantes aquisições de livros, muitos deles raros e especiais, enriqueceram seu acervo. O crescimento de seu acervo e serviços ocasionou a mudança da Biblioteca para o atual edifício, localizado na Rua da Consolação, que foi projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon e considerado um marco da arquitetura Art Déco em São Paulo.
A Seção de Obras Raras e especiais foi aberta ao público na década de 1940. No entanto, a formação desse acervo data dos anos 20. Dentre as principais aquisições de obras raras e especiais, destaca-se a compra, em 1936, da biblioteca de Félix Pacheco, escritor, senador e Ministro das Relações Exteriores, que reuniu a maior coleção privada de obras raras e de Brasiliana do país, em seu tempo. Paralelamente, foram recebidas em doação as valiosas bibliotecas de Batista Pereira, advogado, genro de Rui Barbosa – em 1937; de Paulo Prado, escritor, organizador da Semana de Arte Moderna – em 1945; de Pirajá da Silva, médico, pesquisador da Esquistossomose – em 1977. Outras aquisições de peso incluem as bibliotecas particulares de Otto Maria Carpeaux, Francisco Carvalho Franco, José Pereira Matos, Antonio de Paula Souza, Alceu Maynard de Araújo, José Perez e Paulo Duarte, além de outras obras doadas por instituições ou particulares.
Em 25 de janeiro de 1944, foi inaugurada a Seção Circulante, no prédio da Biblioteca Mário de Andrade, com entrada pela Rua São Luís, local para onde retornou em 2010, quando de sua reabertura ao público, após algumas ‘andanças’ pela cidade.
Um ano depois, em 25 de janeiro de 1945, Sérgio Milliet, então diretor da Biblioteca, inaugurou a Seção de Artes, que reuniu a coleção especializada de livros, revistas e reproduções.
Em 1951, a Seção de Biblioteca Infantil da Divisão de Bibliotecas ganhou autonomia como Divisão de Bibliotecas Infanto-Juvenis e de Cinema Educativo.
Em 1952, com a inauguração da biblioteca circulante do Tatuapé, teve início a implantação de uma rede de bibliotecas inicialmente gerenciada pela Seção Circulante da Divisão de Bibliotecas.  
Foi em 1960, que a Biblioteca passou a denominar-se Biblioteca Mário de Andrade. Seu diretor era Francisco José Azevedo, bibliotecário formado na Escola da Prefeitura, que fora chefe da Seção Circulante.
Em janeiro de 1975, com a criação da Secretaria Municipal de Cultura, a Divisão de Bibliotecas deixou de existir, dando lugar ao Departamento de Bibliotecas Públicas, órgão ao qual a Biblioteca Mário de Andrade passou a estar subordinada.
Também subordinada ao Departamento de Bibliotecas Públicas, foi criada a Supervisão de Bibliotecas Ramais, setor que passou a administrar a rede de bibliotecas de bairro (as quais já não eram apenas circulantes).  
Em 2005, com a criação, na Secretaria Municipal de Cultura, do Sistema Municipal de Bibliotecas, a Biblioteca Mário de Andrade adquiriu o status de Departamento, ganhando, assim, maior autonomia administrativa, constituindo-se de fato unidade orçamentária da Prefeitura. No entanto, só em dezembro de 2009 foi aprovada sua reestruturação administrativa, cuja implantação lhe dará condições de cumprir adequadamente sua dupla missão: preservação e acesso.  
ACERVO
Com um acervo de aproximadamente 3,3 milhões de itens, entre livros, periódicos, mapas e multimeios, a BMA mantém grandes coleções especiais, que incluem um dos maiores acervos de livros de arte de São Paulo, uma biblioteca depositária da ONU e uma riquíssima coleção de obras raras, considerada a segunda maior coleção pública do Brasil.
Preservação e acesso são as palavras-chave que norteiam a missão da BMA e se refletem nas ações realizadas para divulgar seu acervo a todos os pesquisadores nacionais e estrangeiros, tornando acessíveis coleções importantes e únicas no Brasil e, simultaneamente, garantindo a existência e longevidade dessas coleções, a partir de um esforço sistemático de higienização e acondicionamento dessas obras.

Destaques

COLEÇÃO DE OBRAS RARAS E ESPECIAIS
A coleção de Obras Raras e Especiais conta, atualmente, com mais de 52 mil volumes de livros, 8.700 volumes de periódicos e 3.500 outros documentos, incluindo manuscritos, álbuns de fotografias originais, gravuras, desenhos, cartões-postais e moedas. Destacam-se, dentre outras preciosidades, 500 mapas raros, nove exemplares de incunábulos, várias obras únicas sobre o Brasil das quais se conhecem poucos exemplares no mundo, e as edições originais dos principais viajantes estrangeiros, como Thévet, Léry, Barleus, Debret, Rugendas, Spix e Martius.
Clique aqui para ter um panorama da abrangência da coleção de Obras Raras e Especiais, distribuída por períodos históricos, e alguns destaques.
Além dos títulos de periódicos que já integram a coleção de Obras Raras e Especiais, a BMA possui um acervo de cerca de 3 milhões de fascículos de periódicos que, atualmente, encontra-se  depositado em seis andares da Biblioteca Prestes Maia, em Santo Amaro, e em 1.000m2 da Biblioteca Adelpha Figueiredo, no Canindé, ambas no município de São Paulo. Com a parte mais antiga desse acervo está sendo desenvolvido um projeto piloto contemplado pelo Programa Petrobras Cultural, que inclui a higienização e acondicionamento, a avaliação histórica e cultural dos títulos mais representativos, sua catalogação e a disponibilização online dos dados no sistema Alexandria, utilizado pelas bibliotecas municipais.  Muitos desses títulos são de inegável valor cultural, histórico e social e alguns não existem em outras bibliotecas brasileiras, nem mesmo na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. 


COLEÇÃO DE ARTE
A coleção de arte da BMA é uma das mais antigas da cidade. Com mais de 28 mil volumes de livros, 15 mil volumes de periódicos e outros materiais, compreende os seguintes assuntos: arte em geral (história, enciclopédias, dicionários, manuais), estética, urbanismo, arquitetura, escultura, cerâmica, gravura, desenho, design gráfico, decoração, mobiliário, pintura, fotografia, cinema, música e artes cênicas (teatro, dança, circo, performance, ópera, musicais, etc)

COLEÇÃO GERAL
Recebeu esse nome porque era composta por monografias que abrangiam todas as áreas do conhecimento. Desde 2007, no entanto, levando-se em conta o significativo aumento na quantidade de livros publicados, o desenvolvimento de bibliotecas universitárias e especializadas na cidade e naturais limitações de espaço físico, decidiu-se que o acervo da coleção geral da BMA comportaria basicamente Literatura e Humanidades. Desde então, as compras e doações incorporadas ao acervo têm-se pautado por essas diretrizes. A Coleção Geral conta com aproximadamente 200 mil volumes.

COLEÇÃO CIRCULANTE
Atualmente com mais de 42 mil volumes de livros e com seu catálogo totalmente informatizado, essa coleção pode ser consultada no local ou retirada por empréstimo. Embora o forte deste acervo seja literatura (tanto brasileira quanto estrangeira), ciências humanas (história, filosofia, religião, antropologia, sociologia, política, direitos humanos, políticas culturais, etc) e artes (história, teoria  e técnicas voltadas a todos os campos das artes, neste caso, com especial foco nas artes cênicas), abrange, também, outras áreas do conhecimento a fim de atender à diversidade de interesses de seus públicos. Desta forma, podem-se encontrar livros sobre meio ambiente, ciências exatas, ciências da saúde, tecnologia, direito, administração e economia, turismo, esportes, bem como livros técnicos das mais diversas especialidades.
   
COLEÇÃO SÃO PAULO
Localizada no espaço da Circulante, a Coleção São Paulo pretende ser um dos pilares de um centro de informação, pesquisa e referência sobre a cidade. Reúne um acervo de materiais audiovisuais e bibliográficos sobre a cidade de São Paulo, com ênfase em arte, arquitetura e história, disponíveis para consulta no local.
Clique aqui para ter uma ideia dos temas da Coleção São Paulo.

COLEÇÃO ONU
Localizada no espaço da Circulante, a Coleção ONU reúne alguns destaques da coleção recebida regularmente pela Biblioteca Mário de Andrade desde 1958, quando passou a ser depositária de material publicado por aquela instituição.

COLEÇÃO DE REFERÊNCIA
Com um acervo composto por cerca de 3.500 volumes de dicionários, enciclopédias, guias, diretórios, entre outras publicações, a coleção de referência está disponível para consulta também no espaço da Circulante.

COLEÇÃO DE PERIÓDICOS
O acervo de periódicos da Biblioteca Mário de Andrade é formado por quase 3 milhões de fascículos de jornais e revistas, com coleções que abrangem do final do século XIX até nossos dias. Muitos desses títulos não podem ser encontrados em outras bibliotecas brasileiras e alguns são únicos no mundo. Essa coleção será armazenada no prédio do Anexo da BMA, que está sendo reformado. Enquanto isso, os fascículos de jornais e revistas recebidos regularmente pela Biblioteca serão expostos e ficarão disponíveis para consulta no espaço do Café da Circulante.  

Mário de Andrade

Quem foi Mário de Andrade
"Mas na verdade ninguém se faz escritor. Tenho a certeza de que fui escritor desde que concebido. Ou antes... Meu avô materno foi escritor de ficção. meu pai também. Tenho uma desconfiança vaga de que refinei a raça."
Mário de Andrade
Mário Raul de Morais Andrade nasceu em 1893 na cidade de São Paulo, onde veio a falecer em 1945. Desde a infância estudou música, o que, mais tarde, o levou a lecionar piano em aulas particulares, atuando também como professor de História da Música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. 

Em 1917, Mário dá início à sua carreira literária com a publicação do livro Há uma gota de sangue em cada poema. A partir desta publicação Mário só confirmou seu talento como escritor, que cresceu após sua participação na Semana de Arte Moderna de 1922. 

Com o livro Paulicéia Desvairada, de 1922, o escritor coloca em prática seu projeto de renovação cultural do país. Aliando profundas pesquisas acerca da tradição brasileira e as vanguardas no mundo todo, Mário foi um dos principais responsáveis pela divulgação e estabelecimento do movimento modernista no Brasil.
A trajetória do artista, no entanto, não se restringe à literatura. Fazia parte de seu ideal de cultura a preservação da memória, a fim de cultivar valores nacionais e afirmar nossa tradição. Isso, aliado à crença na aplicação dos ideais modernistas no cotidiano paulistano levou o escritor a participar efetivamente do florescimento da cultura na cidade de São Paulo. Nos anos 30 criou e dirigiu o Departamento de Cultura da Municipalidade Paulistana, que mais tarde se tornaria a Secretaria Municipal da Cultura. Nasceu deste departamento a idéia de uma biblioteca que servisse como depositária de toda a história cultural da cidade e do Brasil. 

A transferência do prédio da Biblioteca Municipal do singelo prédio à rua Sete de Abril para o marco arquitetônico na praça Dom José Gaspar, representou a concretização do plano de Mário de disponibilizar as conquistas do Modernismo e fazer da arte e da cultura um bem comum. Não à toa a Biblioteca recebeu seu nome em 1960. O nome daquele que amou e cantou sua cidade com o mesmo ímpeto com que defendeu sua história


Nenhum comentário:

Get the Flash Player to see this player.