22 de fevereiro de 2011

Professor multidisciplinar leva arte  ao Bandeirantes
Versátil, ele dá aulas de biologia, filosofia e história da arte e teve viagem à Itália durante o doutorado bancada pela escola
Arquivo Pessoal

21 de fevereiro de 2011 | 22h 30
Multidisciplinaridade é uma das palavras de ordem do ensino hoje. Mas são raros os professores que encarnam esse conceito tão bem quanto Regis Lima, de 45 anos, há mais de 20 no Colégio Bandeirantes. Ele ensina biologia e filosofia para o ensino médio e história da arte num curso optativo da escola - também dá aulas de filosofia da ciência na Universidade Metodista. "Às vezes os alunos se admiram de eu dar matérias tão distintas. Mas isso só pode tornar a aula mais interessante." Filho de professores, formado em Biologia, Regis tem mestrado em Psicologia e doutorado em Filosofia da Arte. Neste último caso, o Bandeirantes bancou uma viagem para a Itália, o que lhe permitiu pesquisar em 11 bibliotecas do país para preparar o doutorado.
Regis é deficiente físico - nasceu sem os braços. Por isso cursou a 1.ª série do ensino fundamental na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Já no ano seguinte, foi transferido para um colégio estadual, porque a equipe da AACD julgou que ele se adaptaria bem à rede pública. "Deficiente ou não, a pessoa precisa ver se leva jeito para o que quer fazer. Tem de ir atrás e vencer os obstáculos."
Regis tirou de letra a escola até o ensino médio, quando se matriculou no próprio Bandeirantes. "Era tudo era muito fácil intelectualmente", diz. "Mas aqui tive a dificuldade que todo aluno enfrenta, porque o colégio é puxado."
Nas aulas, em especial as de história da arte, Regis usa um projetor, permite consultas à internet e estimula o debate entre os alunos. "Preparo até o segundo terço da aula, aí continuo com as questões que os alunos levantam. Eles vão trazendo outros exemplos e as discussões fluem", diz.
Muitas vezes é a arte que vai à escola. Regis leva grupos de músicos ao colégio e os alunos aprendem sobre o funcionamento dos instrumentos, ouvem canções e leem poemas. "Não precisamos ficar só nas artes clássicas. Fomos à Bienal no ano passado e à exposição de Andy Warhol na Pinacoteca."
Mas história da arte não é um tema enfadonho para jovens que vivem grudados nas redes sociais? Regis garante que não. Sua fórmula de ensino faz sucesso. Inspirada pelas aulas, uma ex-aluna do Bandeirantes que hoje cursa História na PUC-SP passou sete meses em Paris trabalhando como guia no Museu do Louvre. "Tem aluno que faz o curso extracurricular até seis vezes", diz o professor. "Eles ficam malucos." 



Fonte: Felipe Mortari/JT




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