24 de fevereiro de 2011

VANISHING POINT - THE J.B.PICKERS

Para você que é fanático por trilhas sonoras, eis aqui uma obra prima rara, recebo vários pedidos para que criássemos um setor no blog tratando só de Trilhas Sonoras, então resolvemos iniciar com Vanishing Point - 1971.Para muitos brasileiros, bastam alguns instantes da música “Freedom of Expression”, de Bowen, para que os neurônios comecem a se agitar: diretamente de um dos melhores momentos do filme, seu poderoso ataque instrumental de guitarras invocadíssimas virou música-tema do programa Globo Repórter.

Vanishing Point é o filme americano perfeito para 1971. Kowalski é um perdedor, ex-fuzileiro no Vietnã, ex-piloto de provas e ex-policial, expulso da corporação com desonra. Ele tinha uma namorada surfista que se afogou no mar, e agora é um entregador de carros que aceita levar um Dodge Challenger 1970 de Denver, no Colorado, para São Francisco, na Califórnia. Kowalski tem 15 horas para ganhar uma aposta e vai para a estrada. Vanishing Point é um road movie. Um filme B, de orçamento barato, despretencioso e clássico. Kowalskidirige dia e noite, tomando benzedrina e lembrando do que deixou para trás; a namorada antes da morte inexplicável, fracassos e uma vida sem sentido.Nada parece justificar a motivação da personagem. É mais do que uma aposta e Kowalski sabe disso. A sua vida está naquela estrada, por isso ele segue em frente, sem respeitar limites de velocidade, ordens e barreiras montadas para detê-lo, inutilmente. Kowalski acelera e passa a ser alvo da polícia rodoviária, que o persegue de um estado para outro. No caminho, dá de cara com o que sobrou do sonho libertário da década anterior: hippies místicos pregando no deserto, uma motoqueira nua e misteriosa, um vendedor de cobras que o ensina a sair do deserto de Nevada, quando fica sem gasolina, e um DJ de uma rádio local. Super Soul é negro e cego, outro segregado na América de sonhos e oportunidades que não se realizaram - como Kowalski. O DJ capta pelo rádio as ordens policiais contra Kowalski, e passa a orientá-lo sobre todos os passos dos tiras raivosos e frustrados que estão na sua captura. O DJ dedica músicas a Kowalski e fala aos seus ouvintes sobre "a última alma livre de todo o planeta, o último herói livre da América, o centauro elétrico caçado pelos azulões fascistas e corruptos".

A polícia descobre que a sua primeira suspeita é infundada. O carro de Kowalski não é roubado. Super Soul pergunta: O que ele quer provar agora? Kowalski não quer provar nada. Não há o que provar em um jogo perdido, mas é preciso ir até o fim. A mídia interessa-se pela perseguição e passa a acompanhar o caso. O DJ é entrevistado, defende Kowalski e sua estação de rádio é destruída por policiais. Na última transmissão, Super Soul entende o “desejo de velocidade do infrator como a condição de liberdade da alma”. Perto de São Francisco, a polícia monta uma barreira na estrada com motoniveladoras, viaturas, helicópteros e um imenso aparato para pegar Kowalski. Jornais e emissoras de todo o país também estão presentes, além de uma infinidade de curiosos. Kowalski diminui e encara o espetáculo que está à sua espera. Ele não tem saída, é o que todo mundo pensa. É o ponto alto do filme.

A metáfora para o início dos anos 70 na América é perfeita: o fim do sonho no meio de uma guerra distante, além dos conflitos interiores de um desajustado – sempre uma personagem interessante na ficção norte-americana. Os 60 fracassaram, como Kowalski – e não era hora de um individualismo tão inesperado e transgressor. Ninguém sabia o que poderia acontecer depois da turbulência dos sixties. Vanishing Point é o lado B de Easy Rider, dirigido por Dennis Hopper em 69, e de Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni, de 70 – que já tinha feito Blow Up em 66. É o cinema que colocou o ponto final nos anos 60.

Vanishing Point passou no Brasil com dois títulos: Corrida Contra o Destino e O Último Herói da América. Era um filme fácil de ver na programação que encerrava a madrugada da TV Globo. Depois parou de passar. Outro dia via uma refilmagem para a TV, com Viggo Mortensen (O Senhor dos Anéis) como Kowalski e Jason Priestley como o DJ. É claro que o original, dirigido por Richard Sarafian em 71, com Barry Newman como Kowalski e Cleavon Little no papel de Super Soul, é insuperável. Recentemente, anuncia-se uma nova refilmagem de Vanishing Point, dirigido por Samuel Bayer, o mesmo diretor que fez o clipe de Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. É esperar para ver, não sem antes conhecer o original de Sarafian, lançado em DVD em 2004.
A trilha sonora de Vanishing Point é memorável, com temas obscuros de country music, soul,gospel, rock e funk. No inícios dos 70, quase tudo era obscuro. Vanishing Point é um filme tão inspirador que foi responsável por um clássico da melhor banda inglesa dos anos 90. O Primal Scream lançou em 97 um disco com o mesmo nome do filme. A banda do freakBobby Gillespie fez uma homenagem à transição dos 60 para os 70 influenciada pelo filme de Sarafian. A música Kowalski é uma avalanche sonora que começa com uma das últimas perguntas do Super Soul: a questão não é o que poderá detê-lo, mas quem poderá detê-lo ? Éa mesma atmosfera chapada dos anos 70, apesar dos anos politicamente corretos que antecederam a virada para o novo milênio. O Primal Scream nunca ligou para isso, por isso é uma banda de respeito. O Audioslave também dedicou uma música a Vanishing Point,Show Me How To Live. Se alguém mostrar a você como viver, acredite e vá em frente, como Kowalski. O fim nunca se sabe, mas sempre achei que Kowalski sabia...

Fonte: http://ivanova.multiply.com
Abaixo cenas do filme: Vanishing Point - Freedom of Expression
                                              

 Em 1972 quando foi posto no ar pela primeira vez o programa Globo Repórter, se sonhava com um programa de notícias e reportagens sérias que pudesse cativar interesse tanto do povão como dos mais letrados. O que não se imaginava era o sucesso que seu tema principal, um número encontrado apenas em uma trilha sonora de um filme B americano, faria.
Durante os primeiros anos do programa, o tema era a versão original do instrumental "Freedom of Expression," executado pelo desconhecido conjunto chamado The J.B. Pickers. Hoje, quase trinta anos mais tarde, o programa Globo Repórter continua utilizando o mesmo tema, apenas agora em uma versão caseira executada por um sintetizador, versão no ar desde a década de oitenta.
Quem poderia adivinhar que um tema tão pouco conhecido no seu país de origem, pudesse cativar quase toda uma nação que imediatamente associa aquele baixo e guitarra pulsantes com as urgentes reportagens a serem exploradas pelo programa? E de 1972 para cá se criou a grande curiosidade em alguns de saber, que banda é essa? Chutavam alguns se tratar de Pink Floyd, em algum trabalho raro que nunca chegou a ser lançado em um de seus discos oficiais. Quando o filme "The Vanishing Point" contendo a honrosa faixa "Freedom of Expression", teve sua trilha sonora lançada no Brasil, pôde-se conferir a autoria aos anônimos The J. B. Pickers.
Continuava a duvida, quem são esses J. B. Pickers? Não constam em catálogo algum de discos, tampouco nenhuma enciclopédia de rock faz qualquer menção a essa banda. Passaram alguns a especular se J. B. não seria Jeff Beck? Até mesmo hoje em dia, com a conveniência da internet, se fizer uma busca sobre The J B Pickers, tudo que irá encontrar é a menção ao filme Vanishing Point ou outros internautas, curiosamente perguntando também o que se sabe a respeito desta banda. Afinal, quem são esses ilustres desaparecidos? Pois bem, vamos então matar a charada agora para vocês.
The J. B. Pickers não existe. É um nome fictício utilizado então exclusivamente na gravação de duas faixas deste filme, The Vanishing Point. Seus músicos são contratados de estúdio e não há disponível no momento a relação de seus nomes. Posso comentar apenas sobre a autoria do tema, seu idealizador, J. B., ou seja, Jim Bowen.
Jim Bowen nasceu em Santa Rita, Novo México, em 1937, mas foi criado em Dumas, no Texas, desde os oito anos de idade. Mal sabia tocar seu baixo quando em 1957 sua banda de rockabilly, The Orchids, chamou a atenção de Roy Orbison. Este por sua vez, facilitou o contato com Norman Petty que organizou uma sessão de gravação em Clovis, Novo Mexico. Lá gravaram duas faixas, "Party Doll" cantando o colega Buddy Knox e "I'm Stickin with You" com ele, Jimmy Bowen. As duas canções ganham co-autoria Knox-Bowen e o compacto, lançado pelo pequeno selo Triple D, imprime em cada lado o crédito Buddy Knox & the Rhythm Orchids e Jimmy Bowen & the Rhythm Orchids. Inesperadamente, o compacto se torna um sucesso entre as rádios da região.
Sempre alerta ao que estava acontecendo na música pelo país, o famoso DJ Alan Freed acabou ouvindo e colocando o compacto em sua programação. Uma vez em Nova York, The Rhythm Orchids tiveram a oportunidade de participar de alguns dos Rock and Roll Shows promovidos por Freed, o que atraiu o interesse de Morris Levy da gravadora Roulette Records em contratá-los. Se tratando de um conjunto de rapazes jovens, caipiras do interior, podem imaginar o choque cultural que não deve ter sido estar em Nova York dividindo as atenções com gente como Little Richard, cuja homossexualidade chocou a todos. Igualmente difícil imaginar os rapazes tentando tratar das negociações de contratos com executivos de gravadoras da 'cidade grande'. Levy amarrou o conjunto em um contrato desfavorável e obrigou-os a cumprí-lo. Ele dividiu a banda em duas, e lançou simultaneamente compactos com Buddy Knox & the Rhythm Orchids e Jimmy Bowen & the Rhythm Orchids.
Enquanto "I'm Stickin with You" de Jimmy Bowen & the Rhythm Orchids só chegou a No.17, "Party Doll" de Buddy Knox & the Rhythm Orchids chegou a No.1. De fato, Buddy Knox era infinitamente melhor músico e cantor, e sua carreira dentro dos três anos de contrato com a Roulette Records lhe rendeu outros hits entre as vinte mais das paradas de sucesso. Jimmy Bowen pelo contrario, apesar de lançar onze compactos até janeiro de 1960, o fim de seu contrato de artista com a Roulette, jamais conseguiu colocar outra canção entre os vinte mais.
Contudo, Bowen se interessa cada vez mais por produção de discos e embora ocasionalmente lançando seu próprio material conforme exigia seu contrato, passou também a produzir para outros artistas dentro da Roulette Records. Seu trabalho deve ter agradado, pois Frank Sinatra o chama para trabalhar com ele na Reprise Records. Desta maneira, aos vinte e cinco anos, a sua carreira como produtor deslancha. Bowen consegue colocar Sinatra e seus amigos novamente nas paradas de sucesso durante a década de sessenta. Agradar Frank Sinatra sempre confere um selo de qualidade para qualquer currículo. Principalmente porque Sinatra nem sempre quer ouvir uma opinião desfavorável, portanto ai de você se algo não der o resultado esperado.
Com competência, Jimmy Bowen produziu uma sucessão de bons discos que venderam bem, de artistas como Sammy Davis Jr., Dean Martin, Nancy Sinatra e Bert Kaempfert. Depois da passagem pela Reprise, trabalhou para a Capitol, MGM, Elektra/Asylum, e MCA.
Na década de setenta, foi responsável pela supervisão de sua primeira trilha sonora, o filme "The Vanishing Point." Na trilha, além de artistas consagrados como Mountain e Big Mama Thorton, há três faixas compostas por Jimmy Bowen. Um tema incidental chamado "Love Theme" que é creditado ao Jimmy Bowen Orchestra & Chorus, e dois temas, o funkão "Super Soul Theme" e o rock pauleira, "Freedom of Expression" creditados ao The J.B. Pickers. Outras participações em trilhas sonoras incluem os filmes "Smokey & the Bandit 2" de 1980, "Slugger's Wife" de 1985, e a trilha sonora da peça teatral "Big River" em 1988.Na década de oitenta em diante, Bowen passou a trabalhar cada vez mais com música country, fixando-se em Nashville e segundo alguns, contribuindo para baratear os custos de produção, utilizando uma política austera de investir apenas em artistas que seguramente vendem. Durante a segunda metade da década de setenta ele gravou artistas do quilate de Glen Campbell e Kenny Rogers. Na década de oitenta, gravou Conway Twitty, Hank Williams Jr., George Strait, Steve Wariner, Steve Earle, The Oak Ridge Boys, Kim Carnes, Reba McEntire e Garth Brooks. Nos anos noventa, produziu discos de Andy Williams, Chris Le Doux, The Pirates of Mississippi, e Willie Nelson entre outros.Jimmy Bowlin, Gary Reece, Ron Lane, John PennellDestes, Bowen se desentendeu com Garth Brooks, que de jovem e submissa revelação, cresceu para se tornar um super astro do country, e portanto ganhou autonomia para sustentar suas próprias decisões. Jimmy Bowen acabou nutrindo um câncer e deixou a gravadora, inicialmente pensando em se aposentar. Hoje, ele volta a tocar como músico em sua banda de bluegrass, Jimmy Bowen & the Santa Fe, formados por Jimmy Bowen no mandolin, Gary Reece no banjo, John Pennell no Baixo e Ron Lanena na guitarra.

Fonte: http://whiplash.net

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